Worms (Alemanha)–Bruxelas (Bélgica)–Amboise (França)

Voo visual com um tempo assim, ninguém merece!

Voo visual com um tempo assim, ninguém merece!

7-8 de setembro de 2001

O tempo em Worms estava muito melhor de manhã, mas começou a deteriorar quando me aproximei das Ardennes, com teto baixo e turbulência causada por um forte vento de oeste. Infelizmente, não pude curtir a paisagem, todos aqueles castelos encrustados nos morros e penhascos. Passam pela janela tão rápido quando estou voando a baixa altitude que não dá nem para tirar foto.

Este maravilhoso GPS me permite voar de Worms para Charleroi, sem falar com ninguém! Até mesmo cruzando uma fronteira internacional, desde que me mantivesse fora do espaço aéreo controlado, desviando apenas uma milha, ou ficando a 1500 pés. Moleza. Mesmo assim, levei 2½ horas para alcançar o aeroporto de Charleroi na Bélgica, onde Norton Rapesta e Christian Huart estavam me esperando. Como sempre na companhia destes dois fanáticos de voar e de comer fomos para o restaurante do aeroporto – não um lugar que normalmente se espera comer bem – e desfrutamos de moules et frites (mexilhões com fritas), o prato predileto dos belgas! Nem precisava dizer, havia mais exageros culinários aquela noite na casa de Christian, e eu estou rapidamente repondo os 8 kilos perdidos desde que deixei o Rio de Janeiro.

Esta manhã, achei tudo na sala AIS em Charleroi, moderna demais para mim. Tive dificuldade em preencher o plano de vôo por computador, porque todos os países têm sistemas diferentes – é uma lástima, porque estão eliminando o formulário padrão usado no mundo inteiro (exceto Austrália – a não ser que se modernizaram recentemente). Ontem, no vôo entre Alemanha e Bélgica, não precisei fazer alfândega nem imigração. Maravilha! A França ainda pede para cumprir os trâmites, então voei para Reims, a 80 milhas de distância. Ali, batemos um novo recorde nesta viagem: 7 minutos entre o pouso, alfândega e a decolagem! Estacionei em frente ao escritório da Alfândega – o oficial não estava, então não precisei fazer nada. Não fiz plano de vôo para um vôo doméstico e paguei US$10.- para a taxa de pouso, voltei ao Ximango e fui liberado para a decolagem. Ah, se todas as paradas fossem assim!

Fui ao aeroporto de Persan-Beaumont, ao norte de Paris, para encontrar com Jean-Luc Jentel, o representante francês do Ximango. Havia ventos fortes de proa e tive que desviar muitas vezes por causa da chuva e má visibilidade. Mas a terra em baixo era toda plana, farmland e não havia mais os moinhos de vento. Há vários Ximangos em Persan e seus pilotos vieram conhecer PT-ZAM.

A idéia original era voar a La Palisse, perto de Vichy no centro da França, para participar num encontro do Club Fournier, em homenagem aos 80 anos de René Fournier. Mas o evento foi cancelado devido ao mau tempo. Então, Jean-Luc organizou um encontro com Monsieur Fournier em Amboise, no vale do Loire. Ele voou na minha frente em seu Sky-Arrow italiano, e passamos no través de Paris, meio escondido na bruma.

René Fournier é um nome e tanto na aviação mundial. Foi ele que inventou o conceito de motoplanadores nos anos 60 e ele projetou o Ximango. Esse homem maravilhoso nos esperava no aeroporto de Amboise-Dierre com seu filho Frédéric e um dos quatro protótipos do motoplanador Fournier original que deram luz ao Ximango de hoje. Amanhã conto mais sobre ele.

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