Grenchen (Suíça)–Aschaffenburg (Alemanha) – 330 km

A bela cidade suíça de Soleur, perto de Grenchen. Foto Gérard Moss

A bela cidade suíça de Soleur, perto de Grenchen. Foto Gérard Moss

5 de Setembro de 2001

Quando acordamos em Gstaad às 6h, quase não acreditei. Os meteorólogos suíços foram precisos. (como só podiam ser). As montanhas tinham sumido, nuvens grossas subiam pelos vales estreitos e chovia muito. Com certeza, teria sido impossível decolar de Saanen por não sei quantos dias. Meus amigos pilotos Benno e Marianne me trouxeram de carro desde Gstaad e ficaram o dia todo me ajudando em Grenchen onde o Ximango passou por uma revisão caprichada.

Depois de tantas horas desde julho tentando descobrir qual era o problema do piloto automático, com o fabricante S-Tec insistindo que era quase impossível ser algum defeito do aparelho (e assim me deixando voar 25,000 km sem o dito cujo), Roger Christen levou 30 minutos para instalar um novo aparelho idêntico que funcionou imediatamente. Voei com um aparelho defeituoso o tempo todo, e como foi difícil fazer a empresa acreditar. Mas, são águas passadas e o mais importante é que o novo funciona bem.

Por fim, decolei de Grenchen ainda abaixo de um céu carregado de nuvens, depois de almoçar com Jean-Pierre, o controlador. O Jura, uma cadeia de montanhas na fronteira da Suíça com a França e a Alemanha, estava completamente escondida nas nuvens. Então segui a via expressa até Basel e depois, peguei o vale do Reno mais ou menos no rumo certo. Tenho que dizer novamente como é prazeroso voar na Europa: se você voar fora ou abaixo das áreas controladas e longe dos aeroportos principais, pode voar em paz sem ter que se comunicar por rádio. Isso deixa tempo livre para se dedicar a coisas muito mais importantes como curtir a paisagem… além de ficar de olho em outros aviões e nos fios de alta tensão.

Atravessei logo a fronteira com a Alemanha e gostei de ver tantos moinhos de vento, gerando eletricidade limpa. Os pilotos aqui chamam os moinhos de “fly-catchers” porque houve vários acidentes com aviões leves. Pessoalmente, acho os moinhos bem óbvios, mesmo de longe, certamente mais fáceis de ver do que os fios de alta tensão esticados em toda a extensão da Europa do Norte – e esses também servem de “fly-catchers”.

Após voar com muita chuva, por fim achei um pedaço de terra ensolarado, logo acima de Aschaffenburg. Havia muitos planadores encostados pela pista. Quando pousava, um BMW conversível me acompanhou, acelerando pela pista de táxi paralela à pista de pouso, com uma equipe da TV alemã filmando meu pouso. Ihhh, fiquei meio nervoso, sabendo que não podia dar vexame!

Ursula Rummel tinha organizado a vinda da imprensa da parte da Victorinox alemã, e Werner e Henrieke Austermann e Hilmar Stock, representantes do Ximango para os países Benelux, coordenaram uma série de eventos que começaram quando pousei e terminaram bem tarde da noite! Charlie, presidente do Aeroclube de Ashaffenburg, com seus 500 sócios e 150 aviões, convidou toda a comunidade. Recebi muitos presentes e me ofereceram um jantar maravilhoso de spätzli, que eu adoro, regado de cerveja, é claro. Henrieke prendeu a platéia com um resumo brilhante e hilário da minha viagem – curti muito ouvir tudo que ela contou e foi difícil acreditar que estava falando do meu vôo!

O Ximango também recebeu tratamento VIP e foi dormir no hangar. Obrigado a todos por este tratamento tão especial!

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