Rio de Janeiro – São José dos Campos

Gérard e Yakov em Jacarepaguá, RJ

Gérard e Yakov em Jacarepaguá, RJ

20 de junho de 2001

Uma saída tranquila do Rio num dia ensolarado. A equipe estava lá, me dando força: Margi, Lelo, Ana, Sérgio, Alexandre e Cmte. Yakov, que chegou da Rússia para a despedida. Quando entrei na pista de táxi, comecei sentir falta da Margi. Desde que nos conhecemos, nunca senti tanta falta, mesmo sabendo que vou ver ela hoje à noite em Sorocaba.

Após a decolagem, dei um rasante por cima da pista de Jacarepaguá e subi no céu azul. Quando alcancei a praia de Grumari, a poucos quilômetros de distância, bateu a turbulência. Mil preocupações passaram pela minha cabeça. Será que o Ximango realmente é tão desconfortável em turbulência, ou será que a turbulência hoje é algo fora do comum?

Estava voando a 6.500 pés de altitude mas, ao atravessar a Serra do Mar perto de Ubatuba, a turbulência aumentou assustadoramente e peguei uma terrível descendente. Tudo o que tinha no cockpit voou e bateu no canopi – uma cena impressionante flagrada pela câmera da asa. Reduzi a velocidade para evitar danos. O cockpit virou uma bagunça indescritível, parecia que acabávamos de sair da máquina de lavar. Uma boa lição. Tudo tem que ser bem amarrado, todos os itens soltos bem guardados, inclusive câmeras e laptop.

Passei o aeroporto de São José dos Campos, onde fica a fábrica da Embraer. Depois, perto de Jundiaí, o teto começou a ficar cada vez mais baixo e ventos fortes batiam no aviãozinho, sacudindo como se fosse uma folha. Pousar o Ximango em ventos de traves é bastante complicado, devido às longas asas. Pelo menos, em São José, os ventos de 22 nós estavam bem alinhados com a pista. Parecia um convite bom demais para perder. Resolvi fazer 180 e pousar em São José

Na sala da Meteorologia, fiquei sabendo que havia rajadas de 30 nós em Guarulhos e que um comandante de 737 fez um aviso aos pilotos sobre windshear. Estava feliz de estar em terra e refleti na ironia da minha primeira perna da volta ao mundo, num vôo de apenas 450 km – já fui obrigado a pousar em outro aeroporto devido ao mau tempo. E isso, logo no Brasil! O que me espera lá fora? O céu ficou cada vez mais escuro e a temperatura caiu enquanto tentei dar um jeito à bagunça no cockpit. Margi, Lelo e Yakov, que estavam a caminho de Sorocaba para me encontrar, pararam em São José. Me deixaram numa pousada e continuaram para preparar a chegada no dia seguinte.

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