Ishigaki (Japão)–Macau – 1.110 km

A bela ilha de Ishigaki, bem no sul do Japão.  Foto Gérard Moss

A bela ilha de Ishigaki, bem no sul do Japão. Foto Gérard Moss

10 de agosto de 2001 Ishigaki – Macau 1110 km

Sr Iwase da Aviação Civil, que também é piloto de motoplanador, me recepcionou na minha chegada em Ishigaki, ajudou com os trâmites e me levou até o hotel. Tentei reabastecer naquela noite, mas no Japão, isso somente pode ser feito após a aprovação da Alfândega! Sra Shoko Namba da Tango Air Support, que preparou todas minhas permissões de pouso no Japão, também marcou a vinda do pessoal da Imigração e Alfândega para 09h00. Chegaram pontualmente. Na verdade, trabalham no porto e apenas atendem aviões quando solicitado. Para minha surpresa, toda a papelada foi resolvida em instantes e carregamos 100 litros de combustível.

Mandei o plano de vôo para Macau às 08:00, após receber a autorização de sobrevôo de Taiwan. Ai, veio uma mensagem de Hong Kong, dizendo que eu não podia decolar porque não havia autorização de entrar no espaço aéreo da cidade. A empresa responsável pelas permissões simplesmente esqueceu de Hong Kong! Graças ao telefone satelital, consegui falar com Sr Chan, o eficiente gerente de plantão da ATIS no aeroporto de Hong Kong que, muito compreensivo, mandou um fax meia-hora mais tarde, com a tal autorização. Quando terminou tudo isso, às 10h55 hora local, já estava muito quente – 34 graus C – e havia um vento de través de 15 nós (27 km/h). Todos esses fatores contribuíram para que a decolagem fosse muito difícil, além disso, estava com 12 horas de combustível a bordo.

É difícil voar manualmente o tempo todo. Quando o piloto automático funcionava, podia preparar a papelada e outras coisas. Agora, além do vôo ser mais cansativo, o trabalho em terra está dobrado. A aerovia me levou ao sul da ilha de Taiwan, que avistei entre as nuvens. Para não entrar em conflito com o trafego intenso do aeroporto internacional de Hong Kong, há procedimentos especiais em altitudes cada vez mais baixas até apenas 2.000 pés quando 90 km fora, e então a um máximo de 500 pés acima do mar durante as últimas dez milhas (18 km).

Havia muitos barcos e tráfego intenso de helicóptero quando fiz a aproximação ao recém construído aeroporto de Macau. O pouso me deu uma trabalheira. A pista está construída em cima de palafitas dentro do mar, e as pistas de táxi parecem pontes! Estando no mar, há muito vento e, infelizmente, mais uma vez vento de través de 22 nós (40 km/h) da esquerda, logo o lado ruim para o Ximango. Não foi meu melhor pouso, para ficar registrado, mas pelo menos consegui colocar o Ximango no solo sem quebrar nada, o que vale bastante! Taxiar pelas pontes naquele vento também foi um desafio e tanto!

Mister Wong da Air Luxor me esperava no asfalto, e também meu amigo Wolfgang Trost, viajante incansável. Macau é ideal para qualquer piloto de avião leve que queira visitar Hong Kong, onde há regras rígidas (a exigência de um seguro de 15 milhoes de dólares, por exemplo) e uma taxa de pouso alta.

O gerente geral da Air Luxor, Mr Kenichi Miyagawa, nos convidou para tomar um drinque. Quando soube do projeto e, sobretudo, da pesquisa ambiental, ficou entusiasmado e não vai cobrar a hangaragem. Então o Ximango está estacionado, no maior luxo, num hangar novinho em folha, durante dois dias. Valeu, Mr Miyagawa e Air Luxor!

Macau é um lugar bem interessante, com sua longa história de colonização portuguesa, mas como vivi em Hong Kong em 1982, estava curioso para voltar a vê-la. Uma viagem de barca de 60 minutos. E como, além de viajar, uma boa mesa é prioridade na vida do amigo Wolfgang’s. Não demorou para estarmos jantando, saboreando um excelente vinho australiano.

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