Niigata–Gakuen (Japão)

A beleza da costa oeste da ilha de Hokkaido, Japão. Foto Gérard Moss

A beleza da costa oeste da ilha de Hokkaido, Japão. Foto Gérard Moss

7 de agosto de 2001

Sr Issei Imahashi é piloto privado que há algumas semanas está correspondendo via Internet com a equipe Asas do Vento no Brasil. Ele foi fundamental na obtenção da permissão de pouso no Japão e veio até Niigata para me receber, voando seu motoplanador Taifun. Sua ajuda foi indispensável em todos os trâmites, e no dia que cheguei, me levou para jantar – como só podia ser – maravilhosa comida japonesa.

No dia seguinte, estava programado um vôo de 120 milhas até Gakuen, perto de Tokyo, onde faria o serviço de motor do Ximango. Devo dizer que os funcionários da Aviação Civil japonesa são atenciosos e não tenho tido a menor dificuldade a esse respeito. A complicação é com o serviço de Alfândega. São muitos formulários a serem preenchidos em inglês e quando você pensa que está no fim, vem pedir que faça tudo de novo em japonês. Para cada vôo no Japão em um avião estrangeiro, precisa da autorização da Alfândega! Isso também é uma surpresa para Issei, porque sendo piloto japonês, ele nunca passou por isso em seu próprio país. Mesmo para carregar gasolina, preciso preencher outro formulário. Exigem Gen Decs (Declaração Geral – formulário obrigatório em todos os pousos internacionais em qualquer país) para todo e cada vôo, mesmo vôos domésticos.

Finalmente, conseguimos decolar, Issei no Taifun e eu no Ximango. O tempo estava muito nublado e tivemos que subir acima das nuvens, voando a 13.000 pés. O vôo levou 2.5 horas, sempre em formação com Issei, e eu nem precisava me preocupar com rumos. Pousamos juntos na pista de Gakuen, onde opera a Japan Aviation Academy, uma academia de vôo de 800 alunos, entre pilotos e mecânicos de aviação. Fui recebido com flores, e a imprensa.

Seria impossível escolher um lugar melhor para fazer um bom serviço no motor do Ximango do que na JANET – Japanese Aviation Academy Net. Aqui moram outros três Ximangos e os mecânicos sabem muito bem cuidar deles! Para mim, é um alívio enorme, e sei que vou continuar agora com uma aeronave Nota 10 de novo. Pedi especialmente para darem uma boa olhada no trem de pouso, que tem sofrido bastante ultimamente.

Além dos três Ximangos, há quatorze motoplanadores alemães Taifun. Estava estranhando muito esse amor dos japoneses com os motoplanadores até que Issei me explicou tudo. Uns anos atrás, havia mais de 700 monomotores no Japão mas a Aviação Civil implicou tanto com a aviação geral, impondo regras cada vez mais absurdas, que acabou com a frota. Hoje em dia, há apenas 200 monomotores privados. Acho que as autoridades brasileiras estão tentando fazer a mesma coisa com a aviação geral no Brasil, o que seria muito mais grave, levando em conta o tamanho do país.Mas, ai, no Japão houve uma concessão para os motoplanadores. Alguma brechinha que permite o uso deste tipo de avião. Eis porque têm tantos no Japão!

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