Lençóis-Linhares – 780 km

27 de setembro de 2001

De manhã, fiz um passeio pela cidade de Lençóis e fiquei apaixonado. Tenho que trazer Margi aqui, é lindo! Francinei veio abastecer a aeronave. Para meu espanto, ele me disse. “Já abasteci você nesse avião.” Impossível, lhe disse, nunca pousei aqui. Ai, ele me explicou que chegou recentemente a Lençóis, vindo de Goiânia, onde ele havia abastecido o Ximango três meses atrás, quando eu estava começando a circunavegação!

Decolei debaixo de um céu azul e lá fui eu, chegando cada vez mais perto de casa. Um pouco ao sul de Vitória da Conquista, testemunhei as piores queimadas que vi em todas minhas andanças pelo mundo e pelo Brasil. Fiquei triste, com nó na garganta. Uma imensa nuvem de fumaça fervia acima da terra desmatada e ressecada. O que me deu mais raiva foi constatar que as queimadas eram propositais, dentro de quadrados demarcados onde a selva foi derrubada e posto em chamas. Além da trágica destruição da floresta, não consigo entender porque queimar à toa toneladas de madeira.

Após um inverno de dias ensolarados quase ininterruptos no Rio de Janeiro, uma frente fria resolveu tentar atrapalhar minha chegada. Quis chegar até Vila Velha (ES) mas bem antes de Vitória, nuvens escuras fecharam meu caminho. Resolvi pousar em Linhares. A pista é afastada da cidade e não tem nada por perto. Maior meu espanto quando, antes mesmo de colocar os calços nas rodas do Ximango, uma equipe da TV Globo já estava ali. Como, se ninguém, nem eu, sabia que ia pousar ali? Me explicaram que alguém reconheceu o Ximango enquanto sobrevoava a cidade na aproximação final da pista e pronto! Fui logo convidado para uma festa na cidade.

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