Anadyr–Markovo–Magadan (Sibéria) – 1.490 km

A cidade siberiana de Anadyr. Foto Gérard Moss

A cidade siberiana de Anadyr. Foto Gérard Moss

28 e 29 de julho de 2001  Anadyr – Markovo – Magadan 1,490 kms

Estou escrevendo este diário rapidamente da aeronave após ter aterrissado há poucos minutos na cidade de Magadan (acho que são as 19h00 por aqui). Foi um vôo de seis horas sobre o lugar mais inóspito e desolado da terra que vi em toda minha vida, uma paisagem lunar onde não havia nenhuma marca deixada pelo homem nos 1.500 km que sobrevoamos. Infelizmente, a visibilidade não era boa. Havia neblina durante o trajeto todo. Sobrevoamos esta região por um caminho entre milhares e milhares de montanhas de 5.000 a 6.000 pés de altitude.

Decolamos de Anadyr às 11 da manhã, sem poder abastecer (a gasolina de aviação é quase inexistente nessa região) e pagando somente $13 para receber o boletim meteorológico, graças às negociações do Yakov. Aterrissamos duas horas mais tarde em Markovo, uma pequena vila e antiga base militar. O gerente do aeroporto disse que este era apenas a segunda vez que algum avião estrangeiro havia pousado por lá. Oficialmente, também estavam sem combustível, mas Sr. Guennady, o gentil Diretor de Operações de uma companhia da aviação de Anadyr, deu ordem para vender para nós um pouco de seu estoque total de 400 litros. A gasolina estava armazenada num Antonov AN2, e foi transferida para dentro do Ximango por uma mangueira comum, diretamente dos tanques do Antonov.

A pista de Markovo é de terra batida, mas muito irregular e eu temia deixar para trás o trem de pouso sem querer. Além disso, eu não sabia quantos litros de combustível tinham sido colocados. Compramos uns 120 litros, mas com o sistema improvisado de transferir a gasolina, é bem possível que fosse menos. Quando chegamos em Magadan, seis horas mais tarde, tínhamos apenas 1.5 horas de gasolina sobrando, bem abaixo da margem de segurança que eu gosto de ter a bordo para um vôo tão longo sobre uma terra tão inóspita sem aeroportos de alternativa. Ainda bem que deu tudo certo. Estou sendo breve, porque não agüento mais de tantos mosquitos, tamanho gigante, primos dos que tem no Alaska. Vou nessa!

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