Toluca–Torreón (México) – 795 km

Sobrevoado as ruinas maya de Teotenanga, México

Sobrevoado as ruinas maya de Teotenanga, México. Foto Gérard Moss

7 de junho de 2001

Resumo do vôo: 5.5 horas. Decolagem de alta altitude (8.500 pés). Devido à turbulência e reserva baixa de combustível, pousou em Torreón em vez de Chihuahua.

Confesso que acordei com uma hora de atraso. Estava precisando dormir mesmo. Jorge me levou ao aeroporto de Toluca às 08h30. Fomos recepcionados por alguns pilotos, amigos do Jorge. A Multair fez todo o handling e me deu espaço no hangar, sem me cobrar nada. Muchísimas gracias, MultiAir!

Visto que ia decolar de alta altitude (8.500 pés ou 2.600 m), carreguei apenas 7 horas de combustível para o vôo de 1.220 km para Chihuahua. Levou um tempão para o Ximango sair do chão, mas uma vez que o avião estava na atitude certa, decolamos sem problemas. Aí começou outra parte complicada. Para iniciar a subida no Ximango, é preciso abaixar o nariz do avião. Isto é bastante estressante quando a 2 metros acima do solo, porque o avião pode ser sugado para baixo por alguma corrente descendente. A uma altura tão baixa, o motor não teria a potência para reagir a tempo. Mantive as rodas abaixadas até conseguir alcançar 200 pés acima do solo. Ainda sobrava ao meu dispor um bom pedaço da pista de 4.200 metros, mas só consegui relaxar após atingir uma altura de 500 pés.

Jorge decolou logo depois em seu Mooney veloz e me guiou até as pirâmides de Teotananga e as Peñas de Fabián. Após este pequeno tour, pé na estrada! Aproando o noroeste, subi devagar até 12.500 pés, apenas a 3.000 pés acima do solo que, devido às chuvas, estava todo verde e me lembrou muito a Suíça! Como decolei tarde (09h30 hora local), o vôo acima do deserto já estava muito turbulento e não consegui subir mais para escapar dela. O trajeto foi duro e cansativo pois não pude ligar o piloto automático porque as mudanças repentinas de altitude poderiam danificá-lo. A 12.500 pés de altitude, o ar é rarefeito e sendo que estávamos no México, estava quente também. Outro fator agravante foi o peso do combustível para alcançar Chihuahua. O Ximango pulava como uma perereca.

Resolvi não continuar até Chihuahua por vários motivos. Cansaço (já estava 5 horas e meia no ar, num vôo difícil), baixa reserva de combustível para o destino, e montanhas altas pelo caminho com muitas tempestades. Torreón apareceu na minha frente como um porto seguro. Localizado em pleno deserto, tem céu limpo o ano todo – e uma temperatura de lascar de 45 graus C!

Devido à altura das montanhas pouco antes de Torreón, eu estava a 12.500 pés quando cheguei acima da cidade, que fica a 4.500 pés de altitude. Desliguei o motor e passei 20 minutos planando, tirando fotos e filmando. Havia muitas térmicas, então foi difícil perder altitude. O controlador não estava entendendo o que eu fazia, até que repeti várias vezes a palavra ‘planeador’. Para descer tive que acionar os freios de velocidade e fui planando até a pista 30, para a surpresa dele. Consegui um timing tão perfeito, que pousei e rolei até a saída da pista sem o motor. Aí, tive que ligar o motor novamente para alcançar o estacionamento

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