Tucson–Cottonwood (Arizona, EUA) – 300 km

Sobrevoando o sinuoso Grand Canyon. Foto Gérard Moss

Sobrevoando o sinuoso Grand Canyon. Foto Gérard Moss

10 de julho de 2001

Passei a manhã resolvendo assuntos de logística, como pegar grana no banco, descobrir onde trocar a bateria do EPIRB (localizador de emergência) e telefonando. Fiquei muito feliz de receber uma ligação de Don Taylor, que mora pertinho em Ajo, Arizona. Don é um homem maravilhoso de 82 anos, cheio de energia. Foi a primeira pessoa a dar volta ao mundo num avião homebuilt (construído em casa), feitio realizado em 1976. Sei que ele está comigo nessa viagem, me dando apoio moral. Ano passado, passamos horas juntos, no chão da sala de sua casa, debruçados sobre o mapa mundi, planejando novos sonhos… e aqui estou.

A meio-dia, eu e Yakov voltamos ao aeroporto onde ele me ajudou preparar o avião antes de embarcar num vôo comercial para Los Angeles. Decolei às 14h00 local. Não é o melhor horário! A subida foi longa e lenta no calor da tarde acima do deserto. Logo sobrevoei a base da empresa Evergreen onde há um estacionamento para aeronaves civis e militares que não estão sendo utilizadas. Impressionante! Devido ao ar muito seco, Arizona é um lugar ideal para isso. Como vocês podem ver pelo sensor de umidade que tenho a bordo (dados inseridos em Posição Atual), Tucson é muito seco. Esta época é a mais úmida, com apenas 54%, e o povo daqui chama a estação de “as monções”! Se alguém do Arizona acompanhar minha viagem ao redor do mundo, vai ver o que são monções de verdade.

Estimei um tempo de vôo de três horas para Grand Canyon, levando em conta meus desvios habituais. Quando faltavam 70 milhas (130 km), o céu à minha frente se tornou preto. Um enorme CB estava plantado logo acima do Grand Canyon. O aeroporto ainda estava operando visual, e tecnicamente, eu poderia alcança-lo, mas não faria muito sentido porque não ia poder sobrevoar o cânion. Os raios espetavam a terra por todos os lados e não via porque arriscar. O Ximango, feito de fibra e não metal, não suportaria bem ser atingido por um raio.

O aeroporto municipal de Cottonwood (ainda Arizona) parecia uma boa alternativa. É incrível como, nos EUA, os pequenos povoados têm aeroportos bem conservados, com FBO, combustível, oficina, sala de pilotos com todas as facilidades, telefone grátis, computador para acessar a última meteorologia, e uma dúzia de aviõezinhos estacionados em frente. O funcionário do FBO me disse que aeronaves são freqüentemente atingidas por raios na região.

Eu escapei de ser atingido por um raio, mas mesmo assim, levei um susto. Sugeri àquela gente boa do FBO em Cottonwood que, se lhes interessaria dar uma olhada no meu maravilhoso website (obrigado, Webventure e equipe!), eu poderia fornecer o endereço.

“Endereço?” me perguntou um deles, meio sem entender nada.

Eu, teimoso, insisti. “Internet, sabe, na web. Entende? O endereço do site na web…”

“Ahhh”, veio a resposta. “Aquela coisa da tal da Internet, hein? Ninguém aqui tem aquilo!”

Às vezes, eu gostaria também de nunca ter ouvido falar nisso…!

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