Boa Vista (Brasil)-Ciudad Guayana (Venezuela) – 650 km

Com Claudino, Lins e amigos no Aeroclube de Roraima

Com Claudino, Lins e amigos no Aeroclube de Roraima

26 de junho de 2001

Eu tinha preparado tudo para poder decolar bem cedo. Até fiz a alfândega na noite anterior. Mas a chuva e as nuvens baixas me fizeram esperar até 08h40 para a decolagem. Aproveitei o tempo para descarregar todos os dados coletados para a pesquisa de ozônio. O Ximango (PT-ZAM) dormiu no hangar do Aeroclube de Roraima, ao lado do Ximango-irmão PP-ZDR. Claudino, Lins e Kleber têm trabalhado duro durante 18 meses para levantar esse aeroclube do chão: conseguiram colocar todos os aviões novamente no ar quase sem recursos financeiros. Formaram 22 pilotos, às vezes sem cobrar nada. Sua dedicação à aviação é um exemplo para todos.

Na hora da partida, Claudino levantou vôo novamente no Ximango do Aeroclube e me acompanhou um pouco rumo à Venezuela. Depois que ele retornou para a base, tive que descer a 100 pés de altura (35 metros) para passar pela chuva. Quando enfim o tempo melhorou, subi até 12.500 pés, acima das nuvens, voando num céu azul lindíssimo. O Ximango tem uma performance excelente a essa altitude. Estava feliz, não só nas Asas do Vento, mas também nas Asas da Liberdade. Hora do almoço: hoje sopa de frango com milho e bebida de baunilha! Quase virei a garrafa térmica de água fervendo sobre mim: devo ser mais cuidadoso no futuro. Agora que o telefone-satélite da Nera está funcionando bem, usando o sistema Movsat da Embratel, chamei minha mãe na Suíça. Como boa mãe, ela está um pouco preocupada sobre minha idéia de dar volta ao mundo novamente!

Quando faltavam 145 km para Ciudad Guayana, estava a 11,500 pés de altura e resolvi ver se poderia alcançar o aeroporto sem motor. Desliguei. Depois de 40 minutos planando a 65-70 nós, eu estava ainda a 3.000 pés de altura com apenas 55 km à frente. Havia muitas térmicas (era quase meio-dia) e eu poderia ter chegado no aeroporto sem motor, mas Roberto Bienes, que me esperava no chão, estava chamando no rádio, preocupado. Eu tinha ultrapassado meu ETA (tempo estimado para o pouso). Então liguei novamente o motor e aterrissei. Roberto, que também é piloto e ficou sabendo do projeto pela internet, estava lá com um grupo de amigos para me dar as boas vindas na Venezuela. Vinte minutos depois do pouso, um pé d’água bem tropical fechou o aeroporto!

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