Arequipa-Chiclayo

Os barquinhos chamados caballitos, Pimentel, Peru. Foto Margi Moss

Os barquinhos chamados caballitos, Pimentel, Peru. Foto Margi Moss

06 de fevereiro – 13 de fevereiro, 1997

Rota: Chile:- Arica. Peru:- Arequipa, Pisco, Lima (Jorge Chavez), Chiclayo

Quando fizemos os trâmites alfandegários, em Arica, para sair do Chile, os chilenos nos avisaram que os peruanos são “especiales”. Era seu modo de dizer “vocês vão encontrar algumas chatices pela frente”. Em termos de aviação, era verdade. Depois de voar com liberdade em céus brasileiros, argentinos e chilenos, voar no Peru foi complicado. Fomos obrigados a ficar nas aerovias (mesmo para vôos visuais) e parar somente nos aeroportos pré-autorizados.

Arequipa (aeroporto a 2.350 metros) é a cidade mais bonita do Peru, localizada ao lado do vulcão nevado de Misti (5.800 metros). Conhecida como a cidade branca, as casas dos séculos XVIII e XIX, construídas de sillar (pedra branca vulcânica) estão sendo restauradas com carinho.

Para conseguir permissão para sobrevoar as famosas Linhas de Nazca, foram oito horas de discussões com as autoridades aeronáuticas. As Linhas não ficam em área restrita e o único impedimento era a intransigência das autoridades. Quando finalmente vencemos pelo cansaço, decolamos de Pisco com Américo, jovem piloto peruano que nos acompanhou para mostrar o caminho. As misteriosas linhas datam (dependendo de com quem se fala) de 900 a.C. a 630 d.C. Estendem-se de forma aparentemente aleatória em todas as direções na pedregosa Pampa de San Jose. Os desenhos, que incluem um beija-flor, um condor, um macaco, uma aranha e até um astronauta, só podem ser vistos de cima. A maravilha é que ninguém até hoje conseguiu dar uma explicação convincente — as linhas seriam um calendário astronômico ou desenhos feitos para os ETs?

Depois de um voo de duas horas e meia rumo ao norte de Lima, sempre sobrevoando o deserto, pousamos em Chiclayo. Para nossa surpresa, demos de cara com um piloto suíço, Rudolf, e sua esposa peruana, Micaela. São donos da empresa Aero Andino e fazem vôos num Pilatus Porter cordilheira adentro. Abriram para nós a porta de sua casa, cheia de cerâmicas de antigas civilizações peruanas.

Os oásis ao norte do país escondem centenas de tesouros que dão uma idéia de como eram as sofisticadas sociedades que dominavam a região antes do nascimento de Cristo. O túmulo mais rico, do Senhor de Sipán, continha artefatos de ouro, prata e cobre de mais de 1.700 anos. Estão à mostra no museu de Brüning, em Lambayeque.

Sobra pouco das 26 pirâmides de adobe de Túcume. Uma delas, denominada Huaca Larga, com 700 metros de comprimento, 260 de largura e 30 de altura, é a maior construção de adobe do mundo! Estes impressionantes monumentos dominavam o horizonte do oásis mais de mil anos atrás. Os huaqueros (saqueadores de túmulos) têm cavado as estruturas em busca de tesouros, fragilizando o adobe, que posteriormente é levado pela chuva. Há oito anos, graças ao incentivo de Thor Heyerdahl (do Kon-Tiki), tiveram início as escavações das pirâmides, levando à descoberta de túmulos de antigos nobres mumificados e vestidos de ouro junto com moças de tenra idade, lhamas e centenas de vasilhas que continham comida para a longa viagem ao desconhecido.

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