Marrakesh (Marrocos)–Nouadhibou(Mauritânia) – 1.575 km

Fiquei impressionado com a beleza da cidade de Marrakesh. Foto Gérard Moss

Fiquei impressionado com a beleza da cidade de Marrakesh. Foto Gérard Moss

18 de setembro de 2001

Houve uma discrepância no aeroporto sobre o tempo– uma diferença de opiniões bastante forte que não vou detalhar aqui, mas basta dizer que eu e outros pilotos achamos que o teto era pelo menos 3.000 pés (915 m). Somente me liberaram para decolar às 08h30. Os desvios que fiz para me manter na rota obrigatória para vôos visuais aumentaram a distância total do vôo por umas 50 milhas (90 km), mas de toda maneira, tive que contornar as montanhas Atlas que me brindaram com vistas espetaculares.

Filmei pequenas aldeias nas montanhas, vales profundos, vulcões antigos. Quando a visibilidade ficou ruim, festejei o prazer de voar com o piloto automático. Havia fortes ventos de cauda no início do vôo, e depois, vento de proa. Sabia que possivelmente numa altitude mais baixa, teria ventos de cauda novamente, mas optei para ficar a 8.500 pés (2600 m) onde era mais fresco e sem turbulência. Melhor ir um pouco mais lento com conforto do que aturar o calor do deserto e ganhar alguns nós de velocidade.

Ao traçar uma rota direta para Nouadhibou, voei muitas horas sobre o deserto totalmente desabitado (Mauritânia tem uma densidade populacional entre as mais baixas do mundo). Mesmo não ficando afastado da costa, estava longe demais para andar a pé com apenas três litros de água (já cedo eu tinha bebido outros dois). Com as correntes ascendentes que tinha acima do deserto, sabia que poderia alcançar a costa no planeio, e lá fazer água potável com o dessalinizador no meu kit de sobrevivência.

Nouadhibou é completamente isolado. É uma cidade pequena, localizada numa língua de terra, um encontro do deserto com o mar onde forma uma pequena baia cheia de barcos de pesca. Pousei após 8¼ de vôo e os mauritanos, com suas vestimentas suntuosas, são bastante amigáveis. Abdul, meu motorista de táxi/guia, explicou porque havia tantos barcos ancorados. “É o período de descanso biológico do mar,” ele me disse. Gostei dessa expressão!

© Todos os Direitos Reservados