Luxor (Egito)–Iraklion (Grecia) – 1.295 km

Uma bela cena para minha despedida do Egito: nascer do sol sobre o Nilo.

Uma bela cena para minha despedida do Egito: nascer do sol sobre o Nilo.

27 de agosto de 2001

Apesar de ter pago no dia anterior todas as taxas aeroportuárias, levei quase uma hora para poder alcançar o avião e decolar às 06h30. Ao subir no céu, deparei com um visual espetacular, com o sol nascendo e pintando o rio Nilo com uma luz dourada.

Nesse vôo, tive outra discussão. Desta vez, foi o controlador de Cairo. Ele insistiu que saísse da aerovia mais direta e passasse por cima da cidade. Não estava a fim de voar tantas milhas adicionais fora da rota devidamente aceita no meu plano de vôo, visto que o tempo estava perfeito e não havia montanhas pelo caminho. Desta vez, recusei, fiquei firme, acabei vencendo e ganhei meu dia!

O vôo por cima do deserto egípcio foi lindo. Depois, cheguei ao mar Mediterrâneo, que demorei quatro horas para cruzar. O tempo não poderia ser mais perfeito, quase sem nuvens. Os ventos contra amainaram para 15-20 nós, em vez de 35-40. O maior problema foram meus olhos: eles queriam fechar o tempo todo. Foi dificílimo não cair no sono, o pior ataque de vontade de dormir que já tive na minha vida. Abri a pequena janelinha para respirar melhor e bebi água. Lembro ter lido que Charles Lindberg, para não dormir ao atravessar o Atlântico, bebeu muita água e não comeu nada. Eu tinha comido um pouco de pão: talvez isso tenha sido o meu problema, porque normalmente decolo com estômago vazio.

Avistei a ilha de Creta quando ainda faltavam 100 km. O ar agora não está mais carregado de areia, como foi durante as últimas 30 horas de vôo. Pousei em Iraklion às 14h30, exatamente oito horas após a decolagem. Poly, da Victorinox na Grécia, me esperava com muitos jornalistas gregos. Yannis Vlatakis, empresário, piloto e presidente do Aeroclube, também estava lá. Ele ajudara com o slot time para minha chegada. São tantos vôos charter que vêm trazendo turistas para Iraklion no verão que, às vezes, simplesmente não permitem a chegada de qualquer outro avião que não seja baseado na ilha. Obrigado, Yannis!

Felizmente, as câmeras de TV não filmaram o pouso. Foi muito ruim. Havia vento de través de 18 nós e uma pancada de turbulência acima da pista que fez o avião pular de volta para cima quando já estava com as rodas no asfalto e quando menos esperava. Rapidamente coloquei a potência e estabilizei o Ximango em cima da pista (bem grande) para tentar novamente um pouco mais longe. Consegui melhor na segunda tentativa e somente tive que me preocupar com as manobras de taxiamento naquele vento.

Uma frente fria está chegando na Europa. Tenho que ficar de olho na meteorologia para cruzar os Alpes antes do fim de semana.

© Todos os Direitos Reservados