Polina Osipenko–Khabarovsk – 455 km

 

Abastecendo com gasolina de carro, graças a generosidade de Sergey.

Abastecendo com gasolina de carro, graças a generosidade de Sergey.

2 de agosto de 2001

Antes de voar para Khabarovsk, visitamos o museu para aprender porque a cidade recebeu o nome de uma aviadora famosa. Nos dias 24 e 25 de setembro de 1938, três aviadoras (Polina Osipenko mais duas outras: Yakov tem os nomes escritos, mas eu já esqueci) decolaram de Moscou para fazer a primeira travessia da Rússia sem paradas. Usaram um bimotor ANT-250. E aqui estou com o Ximango, um AMT-300! O destino final delas era Nikolaevsk-na-Amure, onde o rio Amur encontra com o oceano, um pouco mais distante ao leste. A história diz que a navegadora, Maria, perdeu o mapa e sem conseguir achar o destino, acabaram pousando em um campo. Ficaram lá dez dias antes de serem encontradas por um esquimó. Elas se tornaram heroínas nacionais e duas delas voaram como pilotos de combate na II Guerra Mundial. Polina Osipenko morreu em um acidente de avião no dia 11 de março de 1939, e a cidade, chamada de Kerbi até então, foi mudada para Polina Osipenko em homenagem a ela.

A foto da minha mão foi tirada a meio-dia, embora não na pior hora do dia para os mosquitos, em Polina. Só foi para mostrar o que acontece se deixamos nossas mãos descobertas por poucos minutos. Contei 16 mosquitos de uma só vez participando da comilança.

Bom, era hora de seguir caminho. Deixamos nossos amigos de Polina e continuamos nossa viagem para Khabarovsk. Não tínhamos muito combustível para ficar voando à toa, então nos concentramos em alcançar nosso destino, a 455 km. O tempo estava excelente. Após um vôo de quase 3 horas, com algumas montanhas no caminho, nós pousamos com mais ou menos 40 litros de combustível nos tanques. Isto é bem abaixo do limite que considero seguro, mas acho que estou me acostumando com isso! A imprensa estava esperando por nós, além de diversos amigos do Yakov (ele mora em Khabarovsk há alguns anos). Era como estar chegando em casa!

Um amigo, Alex, nos convidou para irmos a um restaurante chinês. Fico até com vergonha de confessar, mas me entupi de comida! Foi o primeiro restaurante que vi depois de uma semana! O estoque das barras de cereais Nutry que temos a bordo nos alimentou nesses dias. Sem elas, eu estaria parecido a um palito.

Em Khabarovsk, estamos hospedados no hotel do aeroporto, apenas a 50 metros de onde o Ximango está estacionado (mas tenho que caminhar 1 km para chegar lá!). Ah, novo luxo… água encanada e até morna, ao invés do simples balde disponível nos outros lugares. Acho que todo o mundo deveria ficar em algum lugar bem afastado da dita civilização, uma vez por ano. Só assim aprendemos a valorizar toda a infraestrutura que nos traz água cristalina jorrando das torneiras das nossas casas. Só assim, também, passamos a valorizar mais, desperdiçar menos e entender como é para tantas pessoas espalhadas pelo mundo viver sem esse luxo.

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