18 de julho de 2001
Resumo de vôo : 4,5 horas voando (nenhuma planando), 3 aterrissagens, uma para a alfândega, uma para o serviço de motor, e uma para descansar! Maior altitude: 10,500 pés. 54 graus latitude Norte, temperatura na cabine 10 graus Celsius.
Depois do jantar com Michel Gordillo e sua equipe, só dormi três horas e meia antes de acordar às 0530. Incrível, eu já estava no ar às 06h45, após fazer os trâmites internacionais. Nada mal, mas ainda não melhor que em Torreón, México. Eu tentei seguir o mesmo vale do dia anterior, mas novamente não havia uma maneira de passar. As nuvens estavam coladas no chão. A única opção era cruzar as montanhas Cascade no topo, mas pelo menos eu sabia que havia alguns buracos sobre o mar caso eu precisasse voltar mais uma vez para Seattle. Subi facilmente para 10,500 pés de altitude e tive uma visão incrível do Monte Rainier furando as nuvens. Quando comecei a ver o pico do Monte Stuart, segui o vale rumo norte na direção de Penticton, meu primeiro destino no Canadá. Como esperava, as nuvens começaram a se dispersar sobre o vale e o solo apareceu: muitos lagos e pequenas cidades do interior.
O aeroporto de Penticton está entre dois lagos, Okanagan and Skaha. Os agentes da alfândega foram extremamente amigáveis e consegui voltar para o avião, tudo feito, só 10 minutos depois de aterrissar. Agora sim, ganharam de Torreón! Descobri que estou registrado como um “cliente preferencial” no computador da alfândega canadense! Para minha surpresa, a senhora me perguntou se eu estava ainda voando o Sertanejo PT-RXE e se ainda vivia na Urca, Rio de Janeiro. Já faz um ano que eu estive no Canadá com o Sertanejo, na época com Margi e com nosso amigo piloto Norton Rapesta, depois da feira de Oshkosh 2000. Ainda que eu estou agora em um avião diferente, consto “no sistema”, então nada de papelada. Beleza. Eu odeio papelada.
Decolo novamente. Mais 30 minutos de vôo ao longo do Lago Okanagan e a cidadezinha de Vernon aparece no final de um braço do lago. Aqui está ROTECH RESEARCH CANADA, revendedores e experts sobre motores Rotax. A empresa é bem relacionada com a fábrica da Rotax na Áustria e participa no desenvolvimento do motor. Mark Paskevich, o presidente da empresa, explicou que o motor Rotax 914 turbo foi desenvolvido por lá, e aponta para o Cessna 150 que foi usado nos testes.
Eu também conheci Eric Tucker, que já esteve inúmeras vezes na fábrica da Aeromot em Porto Alegre para treinar os funcionários na instalação dos motores Rotax. Nós descobrimos que temos muitos amigos em comum, Eng. Castilho, Lima entre outros. Rob Seaton pegou o Ximango, não só para fazer um bom serviço e checar tudo, mas também para executar o boletim de serviço obrigatório. Eles fizeram um trabalho de primeira, calibraram o carburador, trocaram o óleo e algumas pequenas mangueiras. Resultado: sai com um motor perfeito e com muitas dicas práticas de como otimizá-lo. Foi graças ao meu atraso em Seattle que descobri o Rotech Research. Eu poderia ter sobrevoado esse lugar sem sequer saber que os grandes “experts” em motor Rotax estavam logo abaixo das minhas asas.
O dia todo estava nublado, mas uma vez o serviço feito, continuei rumo ao norte. A previsão de tempo para Prince George era visibilidade de 3 km e chuva, 500 esparsas, 1200 overcast, temperatura 14, ponto de orvalho 13. Fiz plano de vôo para Quesnel, 50 milhas antes de Prince George, que ainda estava operando visual. Decolar de Vernon com tanque cheio foi um desafio porque havia rajadas de vento de través de 15-20 nós vindas do lado esquerdo, o pior lado para o Ximango. A decolagem foi, digamos “interessante”.
Devido a uma área de baixa pressão logo ao nordeste, havia muita umidade no ar e chuva por todos os lados. Ao chegar perto do aeroporto de Williams Lake, eu já estava esgotado e aterrissei. Evan Nicholson, o controlador, estava curioso sobre o Super Ximango. Ele é um fã de bossa nova, sempre toca Tom Jobim no seu violão. O faxineiro Norton me ofereceu uma carona para a cidade! Ah, como é bom estar no Canadá novamente.
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