5 de julho de 2001
Guatemala – Tapachula 200 km, 1½ h. – Toluca 910 km 6¼ h. Sem planeio. Foi o vôo mais desafiante até agora.
A saída foi às 07h30 hora local, num dia bonito, com vento forte e bastante turbulência na subida. Saí com os tanques principais cheios e apenas um pouco de combustível nos tanques traseiros, pois ainda estou adquirindo experiência em decolar com o Ximango em altitude. Devido ao peso que tinha a bordo, não pude subir em rota por causa das montanhas. Então, segui o vale até a costa, passando próximo ao vulcão Água.
Primeiro destino: Tapachula, cidade fronteiriça mexicana a apenas a 200 km. As condições meteorológicas talvez não me permitam alcançar meu principal destino, Toluca (próxima à Cidade do México) de uma só vez. Era aconselhável fazer logo a alfândega no caso de precisar pernoitar em outra cidade pelo caminho. Tapachula estava muito quente, nenhum vento. Levei 45 minutos para os tramites de entrada no país. Nada mal.
Após a decolagem, consegui avistar os picos da Sierra Madre se estendendo até o horizonte, coberto por nuvens não muito altas. Assim que passei a base militar de Ixtepec, cruzei no ar com dois caças de combate (acho que eram Pumas) e fiquei apreensivo de estar em lugar errado. Na dúvida, confirmei minha posição ao controle de Ixtepec, mas ninguém parecia preocupado. Os Pumas voltaram, passando ao meu lado a menos de 1.000 metros. Suponho que era apenas curiosidade. O barulho foi infernal.
No través de Oaxaca, a camada de nuvens abaixo fechou completamente. No decorrer do dia, a base das nuvens subiu e comecei a me preocupar se poderia manter condições visuais. Voando a 13.000 pés, precisei lutar para ganhar algumas polegadas de altura sem perder velocidade. Procurei desesperadamente por um buraco na camada. Por duas vezes, tentei uma descida em espiral com o freio aerodinâmico acionado mas as nuvens fecharam o caminho. Segundo o rádio de Oaxaca, Toluca estava overcast a 1.500 pés AGL. De repente, senti um desejo forte de estar abaixo da camada. Quando faltavam 90 minutos, encontrei um buraco para a descida. Ufa!
Ao me aproximar da Cidade do México, me lembrei que o melhor caminho para Toluca era por um vale ao sul. As nuvens sumiram. Sobrou a neblina. Apesar de estar apenas a 5 milhas da pista, não consegui avistá-la. A Torre pediu que reportasse na perna do vento para pista 15, mas o chiado do rádio atrapalhava muito. Perguntei cinco vezes se o circuito de tráfego era pela direita ou pela esquerda, sem obter resposta. De repente, a Torre me deu a ordem de fazer uma curva imediatamente para a direita. Cumprindo a ordem à risca, cruzei a pista 15 logo em frente de um jato HS-125 que estava decolando. Discutimos no rádio. Eu disse que tinha solicitado 5 vezes a informação sobre o circuito. Ele retrucou que meus rádios eram ruins. Seria a primeira vez que não consegui falar com uma Torre a meras 5 milhas de distância. Tenho a bordo os melhores rádios da Garmin. Jorge Cornish, amigo, piloto e colega Earthrounder, me esperava no hangar da MultiAir. Pelo rádio portátil, ele ouvira claramente minhas perguntas à Torre e confirmou que os rádios estavam funcionando perfeitamente.
Era meu primeiro pouso no Ximango à alta altitude – 8.450 pés (2.570 m) – e foi super tranqüilo. Agora, vamos ver como será a decolagem! Hoje foi, sem dúvida, o vôo mais difícil da viagem. Jorge, percebendo minha cara de fome, me levou às pressas para um restaurante onde tomamos umas Coronas para acalmar os ânimos…
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