3 e 4 de julho de 2001
O pessoal da Aeromotores me ajudou muito consertando um vazamento na tubulação de combustível e fazendo mais uma checagem geral do motor, que está funcionando perfeitamente. Cláudio Pai e Cláudio Filho cuidaram do Ximango com carinho e não cobraram nada! Somos velhos conhecidos desde 1997, quando viajei com Margi pelas das Américas no Sertanejo PT-RXE. Alias, os guatemaltecos acharam o prefixo PT-ZAM muito engraçado, pois Patzam é um sobrenome muito comum entre os campesinos que moram nas montanhas!
À tarde, fiz uma apresentação do Ximango e do projeto para os interessados no Aeroclube, onde a Victorinox organizou uma recepção concorrida. Eugenio e Carmem Schwendener me receberam de braços abertos e cuidaram de mim durante toda minha estadia.
No dia 4 de julho, fiz o melhor vôo da minha vida! O dia nasceu lindo. O vento vindo do Norte gerou condições incríveis para vôo à vela por cima dos vulcões. Esse vento não é comum, mas devido a uma depressão ao leste do país, pude aproveitá-lo! No início, um Cesna 180 me acompanhou para tirar algumas fotos do Ximango com os vulcões ao fundo. A subida pelo vale após a decolagem do aeroporto, que fica a 5000 pés de altitude, foi bastante turbulenta. Depois da sessão fotográfica, voltei aos vulcões Fogo e Acatenango. Quando atingi o nível dos picos aos 9.000 pés, encontrei umas térmicas fantásticas e desliguei o motor. Nunca senti uma razão de subida assim, registrando 1.500 pés por minuto. Consegui logo alcançar 16.000 pés. Fantástico! Mas estava alto demais para tirar fotos dos vulcões, então desci novamente. O cenário todo era tão emocionante que fiquei filmando e dando voltas por cima dos vulcões durante duas horas. Poderia ter passado o resto do dia planando!
Numa das passagens acima do vulcão Fogo, levei um susto. Quase fui sugado por uma descendente para dentro da cratera. Imediatamente liguei o motor. Tinha deixado tudo preparado para dar a partida, com os magnetos ligados, então tudo o que eu tinha a fazer era mudar o passo da hélice de bandeirada para subida e apertar o botão de arranque. Àquela altitude, o motor não tem poder suficiente para combater o descendente, mas consegue pelo menos minimizar a descida. Logo depois, encontrei novos ascendentes e desliguei o motor novamente. Para voltar ao aeroporto de La Aurora, foi só apontar o nariz na direção certa. Como estava a uma altitude de 12.000 pés, não era difícil alcançar o aeroporto, a 5.000 pés, a meras 35 milhas de distância. Somente liguei o motor novamente na aproximação.
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