2 de julho de 2001
Stefano, o golden retriever da foto, se divertiu pulando nas asas do avião à procura de cocaína antes da minha saída da Libéria. Suas pegadas lamacentas foram lavadas, mais tarde, pela chuva.
O que teria sido um vôo de três horas acabou sendo de cinco, com os desvios que fiz para visitar os muitos vulcões da região. A maioria tinha a cabeça nas nuvens. Na fronteira da Costa Rica com a Nicarágua, avisei o controle de San José que ia prosseguir a 1.000 pés de altura pela costa. Essa informação deveria ser repassada ao controle de Manágua, que ficaria ciente de que estaria fora de contato até chegar perto daquela cidade (o alcance do rádio a baixa altitude é fraco).
Havia muitos pequenos povoados de pescadores pela costa nicaragüense, então dei alguns rasantes pela praia. Estou ficando craque de voar com o manche entre os joelhos e filmar ou tirar fotos com as duas mãos. Os pescadores e as crianças saíram correndo para ver essa estranha ave branca e abanavam, alegres, pra mim. Sei que terão o que falar na hora de almoço hoje.
Agora, voando em equipe com Margi, é muito mais fácil. Sozinho, tenho que pilotar o avião, filmar, tirar fotos em cromo, tirar fotos digitais para o site e outras com a câmera Kodak CD290/GPS para a pesquisa ambiental. Isso significa dar várias voltas no mesmo lugar. Por isso, tenho que escolher os cenários com cuidado, se não nunca vou dar volta ao mundo! Já aprendi colocar os estimados de vôo bem exagerados no plano de vôo para me dar margem para essas distrações.
O tempo melhorou de repente ao chegar a El Salvador. Deixei para trás a costa, e segui uma cadeia de vulcões, cortando o motor para circular acima do vulcão Santa Ana ao oeste de San Salvador. Está coberto de uma vegetação exuberante e pés de café, mesmo dentro da cratera. As térmicas fora boas demais!
Como faltavam apenas 110 km para Cidade de Guatemala, voei pelo interior em vez de seguir pela costa. Foi um erro. Aumentaram as nuvens consideravelmente à medida que me aproximei da cidade, passando por chuvas intermitentes, e o solo subia, assustadoramente, até minha altitude de 9.000 pés! Sem problemas. Podia voltar para trás a qualquer hora. Fiquei procurando um buraco nas nuvens e, quando achei, saí acima do vale onde ficam a cidade e o aeroporto La Aurora.
As formalidades alfandegárias foram rápidas – já conheço o jeitinho aqui – e quando voltei ao avião, lá estavam Eugenio e Carmen Schwendener da Ferretería El Globo me esperando. O piloto earthrounder Rene Abdo providenciou espaço num hangar (ainda bem, porque já estava chovendo muito). Juan Carlos, Pati e Critina Florido, que têm trabalhado muito para organizar o evento da Victorinox amanhã, também vieram ver o tão-esperado Ximango. “Uau,” disse Cristina, “o cockpit é muito pequeno mesmo!”
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