30 de junho de 2001
Ontem, fizemos o serviço de 50 horas no motor. A generosidade de Andrés Amadio e todos seus amigos foi fora de série. Se envolveram com o projeto como se fosse o deles, todos correndo para cima e para baixo à procura de peças, equipamento e soluções, recusando qualquer pagamento. Mesmo o reabastecimento ficou por conta deles. O pessoal ficou trabalhando no hangar até as 10 horas da noite. A essa altura, já virou festa, com os amigos chegando para bater papo e tirar fotos.
Tony Velazquez me hospedou em seu apartamento, cuidando de mim como um irmão, apesar de estar muito ocupado organizando uma feira Off Road na próxima semana. É incrível como nossos caminhos se cruzam em países diferentes. Quem sabe, se os ventos me levam fora da rota, encontro com ele novamente na China, onde ele vai dentro de duas semanas para uma expedição no Hummer! (www.hummerexpeditions.net)
Hoje, não consegui decolar até 10h30, e as nuvens grossas já estavam se formando. Alfredo Zingg (que chegou mais uma vez de Caracas em seu Cessna 185) e Andrés Amadio (no seu 206) me escoltaram na direção de Cartagena, tirando fotos até que a gente se perdeu nas nuvens. Quanto honra recebi na Venezuela, obrigado a todos vocês.
Depois de sair do espaço aéreo venezuelano, as nuvens aumentaram de tal forma que, perto de Barranquilla, o controlador avisou que o aeroporto estava com má visibilidade, que havia muitas ‘tormentas’ na região e windshear (ah não, outra vez!). Como sempre, eu tinha muito combustível, então não me preocupei, porque as tempestades não duram para sempre. Na direção de Cartagena, tinha um mega-CB, um mênstruo que se estendia por uns 100 km pelo menos. Começou a escurecer, e para manter condições de vôo visuais tive que descer de 8.500 pés até apenas 1.000 pés acima do mar cinzento. Não estava seguindo uma linha direta entre Valencia e Cartagena, mas uma rota bem mais comprida pela costa para evitar as montanhas Santa Marta. Além disso, não é recomendável sobrevoar a selva por estas bandas onde há muita atividade de guerrilha e qualquer aeronave fornece um bom divertimento para tiro ao alvo. O piloto automático começou a desligar em turbulência, então tive que me concentrar 100% para voar bem nas condições de tempo adversas.
Após 5 horas e meia de vôo, cheguei em Cartagena entre duas tempestades. Reabasteci com a ajuda de um mecânico que chegou, curioso, para ver o Ximango. O espaço para chegar perto da bomba era limitado, então tivemos que dobrar as asas e fazer uma grande manobra. Só quando estava pronto para abastecer é que me dei conta de que não é possível alcançar a entrada dos tanques com as asas dobradas. Que vexame!
Aí, fui pra cidade. E que cidade encantadora é Cartagena. Uma das minhas preferidas, de longe. É tão prazeroso passear pelas ruas estreitas, antigas e bem conservadas, com as casas pintadas em todas as cores do arco-íris. E a variedade de restaurantes, cada um mais convidativo que o outro. E aí encontrei o restaurante italiano onde jantamos tão bem, Margi e Didi e eu, há um ano. Ah, que saudades…
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