25 de junho de 2001
Pulei da cama antes do sol. E fui logo para o aeroporto. As araras berrando das copas das arvores. Decolei de Alta Floresta às 06h15, com céu nublado. Foi uma decolagem fácil, o que me surpreendeu porque os tanques estavam com 190 litros de combustível pela primeira vez. Estava encarando um vôo de 820 milhas (1,520 km) através de uma das regiões mais isoladas e menos habitadas do Brasil. Perto de Alta Floresta, as cicatrizes das queimadas marcam a selva, mas após uma hora, a floresta se estende perfeita, um tapete verde ininterrupta. Simplesmente linda, tão perfeita, tudo no devido lugar. Nenhum lugar para fazer um pouso de emergência, devo confessar! O tempo começou a piorar, com camadas de nuvens stratos. Estava tão ocupado tentando fazer com que o telefone-satélite e o email funcionassem, que quando a fome bateu, estava ocupado demais voando para fazer uma sopinha. (Trago sempre uma garrafa térmica). As nuvens me obrigaram a descer quase até as copas das arvores. Passando pela chuva, descobri que havia algumas goteiras, o que não deixa de ser refrescante na Amazônia mas, lá pela Sibéria, não sei não!
Enfim, céu azul à frente. Desci novamente para filmar. Paisagem linda: papagaios, araras e tucanos batendo asas ao meu lado enquanto o Ximango passa, quase silencioso, com velocidade reduzida. De repente, sobrevoei um acampamento de garimpeiros. Que bagunça! A harmonia da floresta é estragada pelas queimadas e a água poluída. Posso identificar exatamente o local, tirando uma foto com a câmera KODAK DC290 que registra a posição GPS – perfeito para meu vôo. Não fiquei muito tempo, afinal não queria levar um tiro!
No través de Manaus, as nuvens CB formam uma linha, descendo quase até a selva. Tive que costurar um caminho entre elas. O controle de Manaus avisa que o tempo em Boa Vista está bom. Beleza. Uns 35 km ao sul do aeroporto, de repente tem outro Ximango ao meu lado! É o Cmte Claudino, presidente do Aeroclube de Roraima e controlador aéreo por profissão. Veio ao meu encontro. Que bacana! Maravilhoso, voar lado a lado nesse recanto distante do Brasil. Ao pousar, 8 horas e 15 minutos depois da decolagem, estou ainda tão bem que poderia ter continuado o vôo mais algumas horas. Então a travessia do Atlântico, estimada em 12 horas, não vai ser tão desconfortável. A TV Globo estava esperando, para filmar para Fantástico, e Coronel Mendes da base da FAB veio me cumprimentar. O Ximango foi escoltado até o hangar do Aeroclube.
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