05 de setembro – 24 de setembro, 1997
Rota: (Turcos & Caicos: South Caicos, Salt Cay, Grand Turk) (Republica Dominicana: Puerto Plata, Santo Domingo (Herrera)) (Ilhas Virgens Britânicas: Tortola, Anegada) (Ilhas Virgens Americanas: St Thomas, St Croix. Anguilla, Saint Martin, Nevis) (Dominica: Roseau) (Martinica: Fort de France) (Saint Lucia: Castries) (Barbados: Georgetown) (Trinidad: Port of Spain)
É a época dos furacões no Caribe. Ficamos sempre de olho na previsão do tempo.
Seguimos até as Ilhas Turcos & Caicos, umas 40 pequenas ilhas ao sudeste das Bahamas, espalhados num imenso banco de areia e recifes que, séculos atrás, fora o fim de muitos galeões espanhóis. Pousamos em South Caicos para fazer a alfândega e seguimos até a pequena ilha de Salt Cay. Apesar do sol e das águas caribenhas, as ilhas não são um paraíso para quem mora lá. Tudo precisa ser importado por avião ou barco, tornando a vida caríssima. Há poucas oportunidades de emprego. Em Salt Cay, onde mora uma centena de pessoas, o ritmo é lento e pensamos em como seria bom passar alguns dias tranqüilos. Só que o furacão Erica, mesmo ainda distando 800 quilômetros, já mandava avisos na forma de ondas grandes que se arrebentavam na praia. Dias depois, mudou de idéia e de trajeto, voltando ao Oceano Atlântico.
Próximo destino: as Ilhas Virgens Britânicas. Voamos diretamente de Santo Domingo, passando pela costa norte de Porto Rico até ver à nossa frente, duas horas mais tarde, as montanhas verdes de Tortola. Pousamos em Beef Island e pegamos um táxi para percorrer os 15 quilômetros da estrada tortuosa que passa por aldeias como Long Look (olhada longa) e Free Bottom (deixo à sua interpretação), até a capital, Road Town. Grande centro de aluguel de iates, nesta época de furacões os veleiros estão todos amarradíssimos nas marinas.
No Caribe, mudamos de país em questão de minutos. É só decolar e já à frente a próxima ilha surge do mar. Os idiomas variam entre inglês, espanhol, francês e holandês. St. Croix fora uma possessão dinamarquesa!
Anguilla, país de que nunca ouvíramos falar, é dona de praias grandes e vazias, sendo salpicada de casinhas coloridas e estando livre de engarrafamentos. Conserva um ambiente tranqüilo perdido na ilha vizinha de Saint Maarten. Os anguillanos chegaram mesmo a votar para que não aumentassem a pista de pouso e recebessem jatos grandes. O meio-ambiente marinho é ferozmente protegido. Optaram contra o mercado de turismo em massa. Os turistas pousam num Jumbo barulhento em St Maarten e pegam barca até Anguilla.
Na ilha de Nevis, velhos moinhos de pedra testemunham o passado açucareiro comum à maioria dos países caribenhos. Aqui as mansões foram convertidas em hotéis românticos, escondidos numa vegetação tropical.
Em Charlestown, a capital, há um museu dedicado ao Lord Nelson (famoso almirante inglês que domina a Praça Trafalgar, de Londres). Anos antes de ter seu badalado caso de amor com Emma Hamilton, ele se apaixonou por uma nevisiana, Fanny Nisbet, e casou-se com ela à sombra de uma amendoeira, em 1787.
O perfil da ilha de Montserrat surgiu da bruma somente quando faltavam 10 milhas. Aproximando-se pelo norte, ninguém diria que se tratava de uma ilha prestes a explodir. Nesta “zona segura”, os campos verdes parecem cheios de paz. Porém, o vento leva nuvens de cinzas do vulcão para o oeste, sufocando a capital, Plymouth, que virou uma cidade fantasma. Os prédios, as casas, o porto… está tudo ali, como havíamos visto numa visita à ilha anos antes. Só que cobertos de uma grossa camada de cinzas.
Dominica (não confundir com República Dominicana), para nós, é a jóia na coroa do Caribe. Cristovão Colombo passou por aqui durante sua segunda viagem, em 1493. No livro de bordo, comentou sobre a beleza das montanhas. O fato de que seguiu viagem talvez tenha sido a salvação da ilha. Os dominicanos dizem que é a única que Colombo poderia reconhecer até hoje. No lugar, ainda vivem uns 3.000 índios Carib. Ao pousar na pista curta de Roseau (embutida entre as montanhas e o mar, com fortes correntes descendentes), um dominicano perguntou: “Vocês vieram nadar em nossos rios?” Achamos o comentário estranho, mas foi que fizemos. Nadamos no rio Layou, num lugar escondido dentro da floresta exuberante. De um lado do rio, havia uma banheira construída de pedra que se enchia de água de uma fonte termal. Quando o calor era demais, pulávamos no rio verde bem frio.
A ilha de Sta. Lucia também é dominada por montanhas verdes que somem na neblina, com pequenas aldeias agachadas nas baías. O cartão postal do país é a vista dos dois Pitons, plugs vulcânicos na costa oeste que despencam diretamente no mar.
Barbados não tem as montanhas verdes de Dominica ou Sta. Lúcia. Porém, tem praias lindas e, para grande surpresa nossa, no meio das plantações de cana, há pequenos guindastes que sugam petróleo do solo desta ilha rasa de coral.
A oeste, Trinidad e suas montanhas verdes. Os “trinis” (povo de Trinidad) eram charmosos e sorridentes. Um detalhe que nos fez lembrar que estávamos chegando perto de casa foi o alegre canto do bem-te-vi, som que não ouvíamos há meses. Visitamos Guppy, um dos fabricantes de pans, os tambores de aço usados pelas “bandas de aço” (steel bands) que são feitos de velhos tambores de 45 galões cortados ao meio. Para conhecer o alegre carnaval de Trinidad, puxado pelo som do calypso, só esperando outro ano.
Santo Domingo, capital da República Dominicana na ilha de Hispaniola, é um pesadelo de trânsito comparada à maioria das ilhas. O coração antigo da cidade tem charme e explora a imagem de Cristóvão Colombo. Na pequena praça em frente à catedral mais antiga das Américas (a primeira pedra foi colocada por seu filho, Diego, em 1514), fica uma imponente estátua do grande explorador. Para os 500 anos do “descobrimento” das Américas, foi erguido em sua honra um monumento-farol na forma de uma cruz deitada onde, acredita-se, estão seus restos mortais.
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