16 de janeiro de 1992
Aproximamo-nos de Rano Raraku (a cratera de onde as pedras dos moai foram esculpidos) pelo Camino de los Moais, ao longo do qual inúmeras estátuas haviam sido abandonadas, de cara para o chão. Era como se o trabalho de transportá-las até seu ahu tivesse terminado de repente, uma bela tarde. A maior delas deve pesar umas 80 toneladas. De que modo eles as levavam para o outro lado da ilha e conseguiam colocá-las em cima dos ahus? Camada sobre camada de estátuas inacabadas ainda permanecem presas ao vulcão extinto. As cabeças de uma outra dúzia surgem dos morros, enterradas até o peito no antigo cascalho, agora coberto de grama. Era emocionante ficar ali, contemplando essas enigmáticas estátuas, e tentar inventar nossa própria explicação para elas.
Uma noite, fizemos um piquenique em Rano Raraku e jantamos ali, por entre os moai, sob uma lua brilhante e redonda. Era tudo de um romantismo de tirar o fôlego. Estávamos à vontade naquela ilha isolada. Envolvidos pelo mar prateado, no qual uma lua pintava uma débil vereda dourada, nós, bem ao lado daquelas estátuas misteriosas de uma civilização perdida, começamos a lamentar que nossa jornada estivesse chegando ao fim.
Do livro A Volta por Cima – Ed Record
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