2 de julho de 1991
Este sim, era o território do Crocodilo Dundee. Bosques de eucaliptos pincelados de beges e ocre nos tufos de grama amarelada. As pegadas dos cangurus e dos iguanas salpicavam as areias do córrego limpo e gelado. Era perfeito. Em meio ao gorjeio dos galahs (papagaios cor-de-rosa) e o riso triste das pegas australianas, armamos a barraca embaixo de uma árvore onde um kookaburra de asas azuis nos observava com seu desconcertante olhar amarelo. Só nós dois, e Romeo, absorvendo, quietinhos, a paz de uma verdadeira paisagem australiana.
De repente, um jipe percorreu cautelosamente a pista e parou ao lado de Romeo. Gérard foi cumprimentar o motorista que olhava estatelado o avião.
– Oi! – Parece que vocês já estão aqui há umas duas horas.
Não era uma pergunta. Sugeria que não havia ouvido o pouso; portanto, sua exatidão era surpreendente. Estaria ele deduzindo pelo número de grãos de areia que se acumularam nos rastos das rodas do avião?
– É mesmo, pousamos mais ou menos às três.
Do livro A Volta por Cima – ed. Record
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